Cinema
Emília Ferraz

Morango e Chocolate, com direção de Tomás Gutierrez Alea e Juan Carlos Tabío, de 1994, foi o longa metragem cubano de maior sucesso. Ganhou uma nomeação ao Oscar de melhor filme estrangeiro e conseguiu fazer Cuba entrar no mercado cinematográfico mundial. Mas a produção de filmes cubanos já era prolífica desde 1959, com a criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, o ICAIC. Deste ciclo, se destacam os cineastas Humberto Solás, Manuel Octavio Gómez, Julio García Espinosa, Fernando Pérez e muitos outros. O documentarista Santiago Alvarez, com mais de 40 anos de trabalho ininterruptos, muito colaborou para a notoriedade do audiovisual cubano.

Nos anos 2000, películas produzidas ou coproduzidas em Cuba ganharam as telas e colecionaram prêmios internacionais. Os diretores Tomas Gutierrez Alea, Juan Carlos Tabío, Ernesto Daranas Serrano, Alejandro Brugués, Rigoberto López e Benito Zambrano mostram no exterior a cinematografia que é feita na ilha caribenha.

A notoriedade da Escuela de Cine y TV de San Antonio de los Baños contribuiu para um afluxo de amantes do cinema. Criada em 1986, como filial da Fundación del Nuevo Cinema Latinoamericano, ela formou milhares de alunos de mais de 50 países. Hoje é considerada uma das mais importantes instituições de formação de audiovisual do mundo.


Cinema
Antonio Molina

Afirmar que o cinema cubano é a manifestação artística que mais certamente tem expressado a dinâmica da Revolução é, sem dúvida, um fato inegável. Em 1959, o movimento artístico cinematográfico era uma ilusão: o sonho de um pequeno grupo de intelectuais e estudantes com o desejo comum de mostrar nas telas a realidade em convulsão desses tempos.

Um país em constante movimentação externa e interna precisava de uma dinâmica para mostrar o novo rosto na batalha das idéias.

Por isso, não deve parecer estranho que a primeira medida no setor cultural, em março de 1959, foi a criação do Instituto Cubano de Artes e Industria Cinematográficas (ICAIC).

Se algo caracteriza este longo período de realizações, acertos e desacertos, de promoção e desenvolvimento, de formação de artistas, de elaboração de uma obra e de consolidação de uma política cultural é, com certeza, a coerência ideológica, o reconhecimento teórico e a aplicação prática de um princípio próprio do cinema e da arte: a abertura ante a realidade.

A busca constante do conhecimento dos instrumentos de expressão e da linguagem, dentro dessa realidade cambiante, fez com que os criadores amadurecessem, aflorassem uma mistura de estilos, tendências, urgências, angústias e necessidades que refletiram sobre a realidade dando uma marca ao cinema cubano: seu compromisso com a realidade e com as transformações.

Muito tempo passou desde que foram mostrados os primeiros filmes - O Jovem rebelde e Historia da Revolução. Uma produção marcada por inúmeros prêmios e um diálogo constante com o espectador carimbam a maturidade de uma cinematografia nacional que inseriu-se dentro da dinâmica do cinema latino-americano e mundial.

Não se pode falar de um estilo dentro do cinema cubano. Ele percorreu todos os estilos: neo-realismo, cinema novo, cinema de autor, e outros, até encontrar sua dinâmica própria: a de um cinema que também estava em revolução, que precisava de uma busca constante de seu lugar dentro da sociedade. Comunicar, mostrar as contradições, os encontros e os desencontros de um povo.

Em 1961, em um discurso memorável, Fidel Castro diz: "Com a revolução tudo, contra a revolução nada" e esse paradigma serviu aos cineastas cubanos para enfrentar sua obra.

Para mostrar a maturidade do cinema cubano obras como: Fresa y Chocolate, Guantanamera, Lista de Espera e outros filmes estão aí para mostrar a seriedade e o compromisso do cinema com o público e com a revolução. Dizer o contrário é menosprezar a capacidade construtiva e transformadora do cinema como veículo de conscientização política, como questionador da realidade.

A grandeza do cinema cubano está em que, apesar dos problemas que o bloqueio engendra - a queda da produção cinematográfica do último período - os cineastas cubanos continuam com o olho por trás do visor, captando a realidade e escrevendo, junto a seu povo, a sua história.


ICAIC